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Como ler mais e em menos tempo durante sua graduação



Estudantes de Direito (e de outros cursos de Humanas e Sociais) são perseguidos pela excessiva carga de leitura durante a graduação. São livros para resenhas, doutrinas para provas, artigos científicos para o dia a dia e outros textos para monografia. Entre teses e análises legais, acabamos nos acostumando com a carga de trezentas ou quatrocentas páginas de leitura por semana. Hoje vou abordar algumas dicas para tornar o exercício de leitura mais produtivo durante a graduação.


1. Tenha uma rotina (mas não a torne sua inimiga)


Rotinas são importantes para a compartimentação do tempo em tarefas e o aumento da produtividade através de disciplina. Além disso, quando nos acostumamos a deixar uma parte específica do dia para leitura, nosso próprio corpo passa a responder de modo positivo depois de um tempo, sabendo que durante aquele horário precisará ficar parado enquanto a mente faz seu trabalho. Conheço pessoas que preferem acordar seis da manhã para começar a ler e outras que deixam para madrugada adentro. Meus horários preferidos são antes do almoço e na segunda metade da tarde, muito em razão da minha mente e sua dificuldade de se concentrar em leituras depois de acordar ou almoçar (horários estes que costumo deixar para trabalhos e outras tarefas). Em razão do curto espaço que tenho, não poderei me deter em todos os conselhos para estabelecer uma rotina leve e produtiva (quem sabe em outro texto desta coluna), mas lembre-se, principalmente, de não a tornar sua inimiga. Ela foi feita por você e deve ser usada em seu favor. Se você estabeleceu um texto para uma tarde de terça e, por algum motivo não conseguiu lê-lo, siga em frente. Muitas pessoas cobram tanto de si mesmas que, sem notar, perdem a capacidade de ler nas tardes de quarta, quinta e sexta só porque ainda estão se cobrando daquele dia que as coisas não funcionaram. É ainda pior quando a rotina não é seguida e os textos não lidos de terça entram no horário dos de quarta e assim por diante. A bola de neve é inevitável e traz prejuízos enormes – não só para a estrutura da rotina como para a própria saúde de quem a fez.


2. Saiba o que ler, por que ler e como ler


Com uma rotina em mãos, prosseguimos com algo fundamental para qualquer leitura acadêmica: se preparar para ler o texto na medida em que o texto exige preparação. Antes de tudo, questione o motivo pelo qual você está lendo aquele texto. Se é para alguma atividade avaliativa, os esforços dispendidos serão maiores. Talvez você precise realizar duas leituras e escrever um fichamento. Em contrapartida, se o texto é apenas complementar ou para uma prova que você sente que domina o conteúdo, apenas uma leitura dinâmica basta. Isso pode parecer bobo, mas as pessoas dispendem energias necessárias confundindo essas coisas. Não existe apenas um modo de ler. Escolha o seu conforme lhe parecer mais conveniente para cada situação, pois é esta balança de habilidades e estratégias que será fundamental para aumentar sua carga de leitura. Uma vez distribuídas leituras rápidas e leituras detidas ao longo da rotina, a primeira coisa que avaliamos é nossa capacidade para cumpri-la de acordo com a velocidade com o qual nos cansamos.


3. Use o tempo e os limites do seu corpo a seu favor


Uma das minhas maiores preocupações em termos de leituras acadêmicas é desenvolver habilidades para dinamizar o tempo que gasto com elas e garantir que meu corpo não sucumba ao cansaço. Além disso, também tenho que lidar com dificuldades pessoais de concentração e ansiedade depois de muito tempo realizando a mesma tarefa (além da minha tendência natural a procrastinar em redes sociais). A dica infalível deste tópico é conhecer a si mesmo, saber quais são seus limites e entender que você pode aproveitá-los em seu favor. No meu caso, depois de algum tempo procurando, estudando e experimentando técnicas de estudos, acabei me firmando com aquela que é provavelmente a mais conhecida, a Técnica de Pomodoro. Elaborada na década de 1980, a técnica se baseia na ideia de que fluxos de trabalho divididos em blocos podem melhorar a agilidade do cérebro e estimular o foco. Há uma regra temporal de 25 minutos estudando e 5 descansando. 25 estudando, 5 descansando. E assim por diante. Existem inúmeros aplicativos para smartphones que reproduzem esta técnica (com o adicional que corta nosso sinal para Whatsapp durante os 25 minutos de estudo) e inclusive uma história em quadrinhos para explicá-la, acessível neste link. Por óbvio, esta não é a única técnica e nem a indicada para qualquer pessoa. Tenho amigos, por exemplo, que não conseguem parar de ler um texto no meio e precisam terminá-lo de uma vez só, mesmo que isso exija uma hora e meia de foco contínuo.


4. Separe um tempo para leituras mais leves


Aqui vão três motivos pelos quais escolher uma ou duas horas do seu dia para gastar com leituras mais leves – como ficção e seus derivados, por exemplo – contribuem para melhorar sua qualidade de leitura:


- Quanto mais lemos, mais velozes ficamos: um dos principais fatores atrelados a velocidade da nossa leitura diz respeito a nossa capacidade ocular de movimentar-se pelas palavras, processá-las e transformá-las em significado. Um estudo aponta que leitores médios de língua inglesa podem ler oito letras à direita da posição do olho, mas apenas quatro letras à esquerda, o que dá cerca de duas a três palavras por vez. À medida que acostumamos nossos olhos a ler muito, nosso campo de visão (em linhas) é ampliado e passamos a compreender o significado de palavras e frases com uma quantidade menor de letras lidas (estes são os fundamentos da leitura dinâmica). No entanto, aumentar a carga de leitura da faculdade com mais leitura da faculdade não faz sentido. Além de não ser razoável, pode ainda sobrecarregar o cérebro com muita informação. Se o resultado pode ser o mesmo nos dois casos – seja com um livro de contratos no Código de Defesa do Consumidor, seja com um romance distópico sobre sociedades divididas pela tecnologia – como poderíamos escolher o primeiro?


- Ler exige esforço. Esforço exige energia. Energia exige descanso. A título de compartilhar minha experiência, tornei quase sagrado o momento que separo para ler ficção – geralmente a última hora antes de dormir e durante mais tempo nos finais de semana – pois além de todos os motivos que aqui apresentei, é um momento que me faz relaxar, esvaziar a mente depois de uma semana cansativa e prepará-la para a próxima. Ler ficção não é, e jamais será, o único método para descansar a mente, mas é um dos mais eficientes. Encontrar tempo livre para repouso sempre parece uma tarefa difícil nos dias de hoje, mas mesmo quarenta minutos para praticar uma atividade física diária ou dez minutos para uma sessão de meditação trazem resultados assustadores. Uma mente descansada dá energia ao nosso corpo. Um corpo recarregado consegue dispender mais esforços lendo por mais tempo sem se cansar. É muito simples.


- Além de um plano para desenvolver a velocidade em leitura e um momento para relaxar, a ficção também é instrumento para qualquer operador do curso de Direito que deseja praticar o exercício da empatia. É neste sentido que escrevi meu outro texto da coluna, O Direito, a ficção e o guarda-roupa, para onde remeto o leitor que tiver interesse.


Se você tem outra dica que costuma funcionar para dinamizar seu tempo de leitura, deixe nos comentários e compartilhe conosco sua experiência.

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