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Os seres humanos de uma futura (pós-)humanidade: quem são e o que querem os transhumanistas

  • Foto do escritor: Pedro Viana
    Pedro Viana
  • 1 de out. de 2018
  • 3 min de leitura



Modificações genéticas em embriões. Superação de limites físicos biologicamente impossíveis. Drogas para aumentar inteligência e capacidade de memorização em níveis extraordinários. Super soldados. Upload mental. Criogenia. Muitas pessoas provavelmente já ouviram falar sobre estes temas. No entanto, poucas delas sabem que existe de fato um movimento filosófico que pesquisa e defende a aplicação direta da tecnologia para superar os limites biológicos da espécie humana. Na coluna de hoje, discutiremos o transhumanismo: o que é, quando surgiu, como se organiza e o que pretende.


O termo transhumanismo foi usado pela primeira vez em 1957, pelo biológo Julian Huxley (irmão de Aldous Huxley, o autor por trás de Admirável Mundo Novo) em Religion Without Revelation, livro de ensaios sobre religião. Como uma filosofia que insere o futuro da evolução humana na sua relação com a ciência, ele foi descrito e sistematizado pela primeira vez no ensaio Transhumanism: Towards a Futurist Philoshophy de Max More, em 1990, que o relacionou com as “possibilidades [...] resultantes de várias ciências e tecnologias”.


Em relação a sua organização enquanto movimento científico e filosófico, o transhumanismo se consolidou no final da década de 1990. Em 1997, David Pearce e Nick Bostrom criaram a World Transhumanist Association (WTA, Associação Mundial Transhumanista), atualmente denominada de Humanity Plus (H+, Humanidade Mais). Em 1998, publicaram a primeira versão de Declaração Transumanista. Em 2002, a WTA/H+ modificou e aprovou a publicação oficial da declaração. Em 2003, foi publicada a última versão da Transhumanist FAQ, rascunhada por Nick Bostrom e revisada pela WTA/H+ e pelo Instituto Extropy. O arquivo é considerado o principal documento oficial do transhumanismo, e também foi responsável por dar duas definições formais para o movimento:


1. O movimento intelectual e cultural que afirma a possibilidade e a oportunidade de melhorar fundamentalmente a condição humana através da razão aplicada, especialmente através do desenvolvimento, tornando as tecnologias amplamente disponíveis para eliminar o envelhecimento e para aumentar consideravelmente as capacidades intelectuais, físicas e psicológicas.

2. O estudo das ramificações, promessas e perigos potenciais de tecnologias que nos permitam superar as limitações humanas fundamentais, bem como o estudo relacionado das questões éticas envolvidas no desenvolvimento e utilização dessas tecnologias.


O cerne descritivo se encontra no fato de que os transhumanistas acreditam que a evolução da nossa espécie não chegou ao seu maior grau de complexificação, sendo que os próximos passos, para atingir o estado “pós-humano”, serão dados por meio do uso responsável da ciência e da tecnologia. O termo pós-humanismo se refere a uma nova forma de manifestação do ser humano, ou, melhor dizendo, na reavaliação do que é ser humano e nos limites possíveis para transcender a condição humana por meio da tecnologia. Discutir as implicações éticas, políticas e jurídicas destas ideias é uma necessidade urgente na academia e, principalmente, na sociedade. Em breve, o futuro abrirá suas portas para a (pós)humanidade e todos precisaremos estar preparados para lidar com o debate deste tema no ritmo que a ciência avança.


Para ler sobre o tema, indicamos as seguintes bibliografias:


BOSTROM, Nick Transhumanist Values. Review of Contemporary Philosophy, Oxford, v. 4, n. 1, p. 87-101, 2005.

BOSTROM, Nick. A History of Transhumanist Thought. Journal of Evolution and Technology, Nova York, v. 14, n. 1, p. 1-30, 2005.

HABERMAS, Jürgen. O futuro da natureza humana: a caminho de uma eugenia liberal? São Paulo: Martins Fontes, 2004. 160 p.

HUGHES, James. The Politics of Transhumanism and the Techno‐millennial Imagination, 1626–2030. Zygon, Londres, v. 47, n. 4, p. 757-776, 2012.

MOORE, Pete. Enhancing Me: The Hope and the Hype of Human Enhancement. Hoboken: Wiley, 2008. 276 p.

VILAÇA, Murilo Mariano. Melhoramentos humanos, no plural: pela qualificação de um importante debate filosófico. Kriterion, Belo Horizonte, v. 55, n. 129, p. 331-347, 2014.

VILAÇA, Murilo Mariano; MARQUES, Maria Clara Dias. Transumanismo e o futuro (pós-) humano. Physis, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 341-362, 2014.



 
 
 

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